18/01/2010

Venha conhecer um Diário Maldito.

Teatro do Concreto (DF) presenteia Cuiabá com espetáculos, lançamento de revista e intervenções urbanas

Grupo brasiliense chega à Capital trazendo peça premiada e espetáculos de tirar o fôlego

     Foto Thiago Sabino (61)                                   

Texto: Isa Sousa

Um poeta dos guetos e dos bandidos, apaixonado pelo teatro, pelos excluídos e pela liberdade de expressão. Em poucas e fortes palavras assim pode-se definir Plínio Marcos, um palhaço de circo, ator e escritor, que levava com orgulho o termo “maldito” e dizia que suas peças, escritas em sua maioria na década de 1960, sempre seriam atuais porque o Brasil não mudava. E é a partir da trajetória que envolve a censura do período militar e muita paixão pelo povo brasileiro que o Teatro do Concreto chega a Cuiabá com “Diário do Maldito”.

    

A peça, que estreou em 2006, é fruto de dois anos de pesquisa sobre a vida e a obra de Plínio, morto em 1999. Segundo Francis Wilker, diretor do espetáculo e um dos fundadores do Teatro do Concreto, o texto da peça não segue simplesmente a vida de Plínio, mas torna-se um pretexto pra construir com o público um diálogo vivo sobre o homem, a função da arte e o papel do artista contemporâneo. “Nós temos algumas citações de obras do Plínio como Navalha na Carne, Prisioneiro de uma Canção, Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos e Abajur Lilás”, conta Wilker.

     Na peça o público tem seu primeiro impacto ao ver o cenário: é em um bar que são recebidos, local onde se discute ideias, onde se afoga as mágoas e onde tudo pode acontecer. Nesse cenário, por vezes paradoxal, é que o público vai conhecendo personagens e diversas histórias que descrevem a trajetória divertida e comovente do Poeta, assim, com P maiúsculo como o Teatro do Concreto faz questão que seja colocado. Dedicando toda uma vida à denúncia social, o Maldito pensa agora em parar de criar e, inconformados com a situação, os personagens invadem a cena para cobrá-lo. E a cobrança vem com a mesma força que o Poeta teve para escrever suas peças, tantas vezes censuradas pelos militares.

Foto Thiago Sabino (53)    

No palco nove atores e quatro músicos dividem a cena mostrando a Plínio o quanto  sua força e denúncia ainda se fazem necessárias em um cenário brasileiro que pouco muda. O espetáculo, que ficou em cartaz no Teatro Oficina do Perdiz (DF) nos anos de 2006 e 2008, participou do Festival Internacional de Teatro Cena Contemporânea, em Brasília, e do projeto Galpão Convida Teatro Candango, em Minas Gerais. Em 2007 o Teatro do Concreto recebe por “Diário do Maldito” os prêmios de melhor atriz e melhor cenografia através do Prêmio Sesc do Teatro Candango e, em 2008, pelo Festival Nacional de Teatro de Macapá ganham como melhor espetáculo e melhor cenografia.

Mais Concreto – Além de três sessões do espetáculo “Diário do Maldito” o Teatro do Concreto não chega em Cuiabá para brincadeira. A peça sobre a vida de Plínio Marcos ocorre nos dias 23 (sábado), com sessões às 19h e 21h, e 24 (domingo), com sessão única às 20h, no Sesc Arsenal, todas para 100 pessoas. Porém, antes desses dias, as atividades do grupo tem inicio no dia 21 (quinta-feira), com intervenção cênica no espaço urbano em parceria com o grupo Confraria dos Atores e se repete no dia 22 (sexta-feira).

Foto Thiago Sabino (151)

     Também no dia 22, às 20h, o Sesc Arsenal é palco de “Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos”, uma leitura dramática onde é narrada a história de 25 homens enclausurados num presídio, que morrem durante uma rebelião. A história é baseada em fatos reais e foi escrita por Plínio Marcos, que deu vez e voz aos excluídos. No dia 24 às 14h30 é a vez do “Teatro em Debate”, encontro com grupos locais e lançamento da revista “entrelinhaseConcreto”, exclusiva da área teatral e o teatro contemporâneo.

Toda a programação apresentada em Cuiabá será gratuita. Essas ações serão possíveis graças a dois prêmios da Fundação Nacional de Artes (Funarte): o Prêmio Myriam Muniz, que está viabilizando a circulação do espetáculo Diário do Maldito, e o Prêmio Artes Cênicas na Rua, que viabilizará a realização de duas intervenções cênicas nas ruas de Cuiabá, em parceria com o grupo Confraria dos Atores.

Programação

21/01

18h – Intervenção cênica no espaço urbano em parceria com o grupo Confraria dos Atores. Local: Semáforo da Avenida Getúlio Vargas na praça Alencastro

22/01

18h - Intervenção cênica no espaço urbano em parceria com o grupo Confraria dos Atores. Local: Semáforo da Avenida Generoso Ponce na Praça Ipiranga.

20h – Leitura dramática de “Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos”. Local: Sesc Arsenal 

23/01

sessões umas às 19h e outras às 21h - espetáculo “Diário do Maldito”

24/01 -

14h30 - Teatro em Debate - encontro com grupos locais e lançamento da revista entrelinhaseConcreto”

20h - espetáculo “Diário do Maldito”

Dia 22 - 18h - Semáforo Av. Generoso Ponce (Praça Ipiranga).

Mais informações:

www.teatrodoconcreto.com.br

Francis Wilker – diretor do espetáculo e fundador do Teatro do Concreto (61)9655-3300

Jan Moura – produção em Cuiabá – (65) 8407-1184

Isa Sousa – assessoria em Cuiabá – (65) 8117 1946

0 comentários:

Postar um comentário

Leia isto antes de começar a escrever

Todos os comentários dirigidos a este blogue, passaram por moderação, caso o assunto aqui referido não tenha nada a ver com o assunto tratado, este será excluido automaticamente.

Caso este contenha palavras de baixo escalão, ou que de alguma forma venha a corromper a imagem deste não iremos nem mesmo ler, e este será devolvido com o silêncio.

Caso o mesmo seja de cunho provocativo, nós também iremos ignora-lo.

Mas caso este seja acompanhado de boas ideías, nos teremos o imenso prazer de responder com palavras de agradecimento, afinal o UH!zine funciona de acordo com suas vontades!.