Monstrinho fundador do UH!zine fala a primeira conosco sobre assuntos um tanto quanto polêmicos.
Por Geovanna Ribeiro
Pela primeira vez, o fundador do UH!zine fala sobre temas que geram posts e mais posts de uma forma bem ao nível (Monstrinho). Sem dúvidas monstrinho é um dos caras que menos tem medo de ser o tal insuportável da vez, mas como ele mesmo diz: “prefiro perder um coleguinha do que deixar de dizer o que eu penso”. Escolhi estes temas porque durante uma pesquisa notei que ambos os temas de uma forma ou outras, estão ligados uns aos outros. Mas da mesma forma que temos discussões construtivas em relação a estes temas, temos falas e opiniões burras sobre o mesmo tema. Claro que falar de drogas sempre sera um tabu, da mesma forma de falar sobre sexualidade dentro de um colégio de freiras também será. Mas ambos de uma forma ou outra tem de ser postos a mesa, pois somente assim acabaremos com os tais medos e estereótipos tão comuns.
Claro que falar de drogas querendo ou não, sempre vai puxar o assunto Rock n' Roll, vida bandida e problemas sociais. Mas é bem mais fácil quando jogamos a culpa na sociedade. É bem mais cômodo impor a todos ao nosso redor que tenhamos uma postura lógica em relação ao tráfico e tudo mais, como vemos no Rio de Janeiro. Mas dizer que a culpa é sempre da sociedade, que não nos da direito de lutar por uma vida mais digna é bem cômodo. Eu nunca tive o apoio da sociedade em minha vida, por sinal acho que a sociedade esta pouco se fudendo para mim. Mas nem por isso eu me tornei um menino do tráfico ou muito menos um noiado, e nem pretendo. Mas claro que se isso acontecer, vão dizer que a culpa é do mundo que vivo, amigos e tudo mais. Mas a realidade é que cada um sabe os efeitos, mas sempre teremos a sociedade como um plano B em nosso fracasso, isso é bem mais cômodo.
UH!zine. Como é a sua relação com o movimento rock n' roll? Como é a cena cuiabana hoje em dia para você?
Monstrinho. Bom minha ligação com essa cena começou muito cedo... Quando eu tinha uns 12 anos eu já ia para shows de rock com minhas irmãs. E desde então acho que esse lance de noite me atraiu, essa loucura noturna de Cuiabá. Mas hoje em dia, vejo que muita coisa me decepciona, pois antigamente curtir rock, ser parte do movimento, era meio que uma opção de vida... Era o tal do: "Eu nasci para isso e vou morrer por isso!" - Mas hoje em dia talvez por culpa do próprio processo, é muito comum ver um bando de criança de uns 13 anos se achando o Jim Morrison, ou reencarnação do Kurt. Mas tudo patrocinado pelo pai e pela mãe, para essas pessoas é muito cômodo se revoltar, mas é muito complicado aceitar que nem tudo é como nos filmes. E nesse ponto é que voltamos ao problema drogas! Pois como dizia o ditado: "É Sexo, Drogas e Rock n' Roll!" - Então para fazer parte você tem que ser um drogadinho. Então essa gurizada guarda o dinheiro do lanche para poder comprar seu goro no final de semana e fumar um beck. Afinal todo mundo é rock n' roll, neh!?
Por isso é que eu não vejo mais o rock como antigamente, tudo mudou! Hoje temos uma influência maciça da mídia dentro desse movimento, precisávamos rever essa participação social, e por causa disso é que vemos bandas pop se dizendo underground. Hoje em Cuiabá poucas bandas podem ser ditas como verdadeiramente Rockers. É bem mais fácil ver atores se passando por undergrounds, não sei... É tudo muito complicado para mim. Ás vezes acho que estou querendo muito de um bando de crianças... Não sei, quem sabe um dia eles acordem para isso, mas até lá... Vai continuar sendo complicado.
UH!zine. E a co relação entre Sexo e Rock? Ainda existe ou é mais uma das lendas do mundo underground?
Monstrinho. Claro que não é lenda! Assim como não é exclusividade do mundo underground, todos nós somos amantes da arte do sexo. Mas claro que há movimentos onde isso fica mais explicito e tudo vai da idade. Quando eu tinha uns 17 anos, freqüentava festas onde para se conseguir uma foda era bem complicado. Hoje em dia tudo é mais livre, mais solto! Qualquer festinha bem organizada às vezes acaba em putaria. Mas isso depende muito, dentro do movimento underground rola mais aquela coisa do reservado, por incrível que pareça. Mas eu já fui a festas de funk, onde a parada era trash. A orgia rolava solta, e isso é prova para muita gente. Eu particularmente não vejo isso mais como necessidade, mas volta e meia me convidam para umas festas onde tudo pode acontecer. Mas isso ainda depende muito do clima! As coisas hoje em dia estão muito mais liberadas quem diria que a uns 8 anos atrás, você chegaria em uma bar na esquina da sua casa em plena 1h da tarde e ouviria: "Minha Buceta é o poder!" - Hoje em dia é tudo mais direto. Até mesmo na hora do sexo. Antes para se conseguir levar uma mina para o quarto era muito mais complicado, mas hoje em dia se você souber levar o momento você nem precisa estar namorando com ela, e no outro dia ela não vai esperar que você ligue. Às vezes até eu me espanto com esses lances, de sexo de tudo liberado.
UH!zine. Pegando essa linha mundo underground... O que você pensa sobre o fenômeno Restart e toda essa mídia em cima desse novo rock?
Monstrinho. Bom para mim não existe novo rock! O que existe é uma tentativa da mídia de vender mais em cima de algo que nunca vai mudar! Tudo isso é muito engraçado, pois a uns dois anos atrás o grande alvo de tudo era: NX zero, Fresno... Os tais Emocores. Agora a onda da vez é Restart e o tal mundo Collor, que para mim nada mais é do que uma copia do movimento Glam na década de 80. Isso era o grande boom agora com esse lance de retrô e tudo mais, eles voltaram a tona. Para mim, bandas como essas não alteram em nada o meu dia-a-dia. Elas continuam sendo uma bosta dentro ou fora da mídia, mas não por eu não gostar de coloridos... Mas pelo meu gosto musical. Eu não gosto de Elvis, não curto Raul e odeio Legião Urbana! Ás vezes quando eu cito isso perto de quem não me conhece, o povo fica meio assustado, mas só porque eu gosto de Rock, não quer dizer que tenha que gostar desses caras que para mim são uns bostas. Mas enfim, se Restart acabasse hoje, não faria a mínima diferença pois para mim isso é parte do processo. Assim como um dia o Dominó se foi, eles também irão. Afinal a mídia sempre pede mais, nunca para. Não acho que eles sejam gays ou coisa assim. Claro que às vezes parece pelo jeitinho e tudo mais, mas se forem problema é totalmente deles e não meu!
UH!zine. E como é sua relação com esse lance de homexualidade? Você aceita ou ainda fica com aquela marra?
Monstrinho. Tipo... Acho que isso é um processo que vem se concretizando a muito tempo dentro da sociedade e aceitar faz parte. Até mesmo porque não tenho nada a ver com a bunda do cara que esta do meu lado! Mas não vou dizer que aceito o fato de ver duas pessoas do mesmo sexo se pegando na minha frente, muito menos de uma cara dando em cima de mim! Claro que dar cantada é normal, mas insistir é meio tenso. Nem mulher eu curto que fique dando em cima, acho meio chato mas respeito e sei levar na esportiva. Não sou homofóbico, mas também não sou obrigado a aceitar gente inconveniente acho que cada um tem o direito de fazer o que tem vontade no canto dele. Não é porque o cara tem uma opção sexual que não é aceita pela grande maioria, que vou ser obrigado a aceitar que ele seja chato e invada meu espaço. Da mesma forma eu não vou invadir o espaço dele. Mas o que me deixa mais puto, é sempre o gay usar o "homofóbico", para ser chato e inconveniente!
Da mesma forma que se eu for tentar beijar uma mina a força ou ficar insistindo, ela tem o direito de dar um tapa na minha cara. E se um gay for dar um beijo em mim tenho o direito de me defender, mas muitos deles usam termo: "Seu homofóbico" - para se justificar e fazer tudo o que tem vontade. É meio complicado, acho que cada um tem que saber o seu espaço e do outro.
Enfim, é isso! Para mim estes assuntos não são tão polêmicos assim. O que falta é coragem de discutir tudo isso de forma bem natural e não ficar criando estereótipos para dar ibope. O que falta dentro da sociedade, é um pouco do dialogo. Só isso!
Gostei muito do que li,também acredito que não sejam assuntos tão polêmicos assim.
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