"Todos estão incluídos na sociedade e no mundo digital de
alguma forma"..."não existe de fato um ser excluído, mas sim indivíduos
abandonados pelo sistema" Quem me conhece sabe que adoro Kafka e foi relendo metamorfose neste mês
que comecei a refletir sobre a possibilidade de transformação por meio
do digital e como o conceito de inclusão e integração se dá neste
contexto.
A desigualdade é representada no contexto geral
das estatísticas com base em dados econômicos que indicam que o País
ficou mais rico. Contudo, essa riqueza é representada por uma parcela
mínima da população que nos índices gerais ganham proporção,
demonstrando outro fenômeno social, a concentração de riqueza.
Paralelamente ao contexto de concentração caminha a ideia de
democratização, indicando que há mais indivíduos matriculados nas
escolas e que o acesso à informação é maior.
Concentração
e democratização são contextos contraditórios do social que nos leva a
refletir sobre o entendimento semântico do termo exclusão e seu par
inclusão; como por exemplo, o que se compreende de exclusão social, ou
seja, se está incluído ou excluído / integrado ou desfiliado em relação a
quê? Estar excluído ou não depende da classe social que o dono do
discurso está se referindo.
A metamorfose que estamos observando, diz respeito às transformações
sociais, tomando como norteadora a linha de compreensão que vem se
fundamentando nos termos inclusão/exclusão social, integração e
desfiliação, assim como, o relacionamento que estes fazem com a
sociedade.
A essa altura de nossa argumentação, percebemos que mesmo estando em
países pobres, cidadãos privilegiados de maior poder aquisitivo teriam
tanto acesso à internet, e poderiam ser tão ou melhores informados,
quanto os usuários ricos dos países desenvolvidos, enquanto as grandes
massas permanecem apartadas desse direito social.
No Brasil, o conceito de exclusão está ligado ao desemprego, adicionado a
outros aspectos como o impacto da economia mundial na realidade
nacional, características discriminatórias a pobres e negros, e
ampliação de subempregos.
O medo de estar fora do modelo hegemônico é uma constante e no nosso entendimento, na formatação da sociedade atual, tem funcionado como combustível para competição por postos de trabalho. Colocando, diretamente nas mãos dos indivíduos a responsabilidade pela educação, cultura e empregabilidade.
Embora que hoje as discussões da inclusão digital estejam em torno
das questões ligadas à empregabilidade dos sujeitos, percebemos que foi
fortemente enraizada na problemática do consumo de bens e serviços que
surgiram no Brasil os debates pioneiros sobre a temática.
Com base nas análises em torno da inclusão digital observamos uma forte
vertente que entende a inclusão como passagem de um estado ou de uma
situação para outra, ou seja, a inserção do outro em uma condição
proposta por um discurso que preza um contexto imposto, hegemônico e
homogêneo. Contudo, os pontos contraditórios desta linha de pensamento
são a intencionalidade e seus resultados. Pois, embora a intenção de
"incluir" preze o objetivo geral de que o maior número de pessoas tenha
acesso à educação, às tecnologias, ao saneamento, etc., as propostas de
inserção anseiam por resultados que indiquem uma homogeneidade
quantitativa. Trata-se de uma inclusão social dual. E a
inclusão digital, quando fundamentada nesta perspectiva, suas ações
terminam por supervalorizar a proposta de informatização da sociedade, separando-a das relações sociais, como se destacasse parte desse fenômeno social.
O maior sentido do conceito de integração social está na
possibilidade de transitoriedade, se opondo e ao mesmo tempo se
sobresaindo a perspectiva dual, por ser um estado em que todas as partes
envolvidas estão, simultaneamente, incluídas e excluídas de algo.
Se a inclusão digital for entendida como parte dinâmica da cibercultura
para integração, foge-se ao fetiche do termo, visando se preocupar com
questões mais qualitativas, a exemplo da possibilidade de associar a
inclusão digital à formação, à autoria, à cognição e ao letramento
digital. Nessa perspectiva de integração, não existe de fato um "ser
excluído", mas sim indivíduos abandonados pelo sistema.
As transformações acontecem a todo o momento e proporcionam cada
vez mais sujeitos metamorfoseados sociais. Acreditamos relevante
considerar que é preciso evitar que as desvinculações das relações do
trabalho, da família, da cultura aconteçam. É preciso promover propostas
de inclusão digital que tenham por trás o conceito de integração
respaldado em aspectos educacionais como a formação, a mediação e os
conteúdos.
Como emancipar o sujeito digital? Como sair da categoria ator para autor nesse contexto?
Espero que 2012 promova uma maior integração das iniciativas, programas e políticas já existentes.
Por BCN
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