29/12/2011

A METAMORFOSE... DA INCLUSÃO A INTEGRAÇÃO

"Todos estão incluídos na sociedade e no mundo digital de alguma forma"..."não existe de fato um ser excluído, mas sim indivíduos abandonados pelo sistema" Quem me conhece sabe que adoro Kafka e foi relendo metamorfose neste mês que comecei a refletir sobre a possibilidade de transformação por meio do digital e como o conceito de inclusão e integração se dá neste contexto. 

A desigualdade é representada no contexto geral das estatísticas com base em dados econômicos que indicam que o País ficou mais rico. Contudo, essa riqueza é representada por uma parcela mínima da população que nos índices gerais ganham proporção, demonstrando outro fenômeno social, a concentração de riqueza. Paralelamente ao contexto de concentração caminha a ideia de democratização, indicando que há mais indivíduos matriculados nas escolas e que o acesso à informação é maior.

Concentração e democratização são contextos contraditórios do social que nos leva a refletir sobre o entendimento semântico do termo exclusão e seu par inclusão; como por exemplo, o que se compreende de exclusão social, ou seja, se está incluído ou excluído / integrado ou desfiliado em relação a quê? Estar excluído ou não depende da classe social que o dono do discurso está se referindo.
A metamorfose que estamos observando, diz respeito às transformações sociais, tomando como norteadora a linha de compreensão que vem se fundamentando nos termos inclusão/exclusão social, integração e desfiliação, assim como, o relacionamento que estes fazem com a sociedade. A essa altura de nossa argumentação, percebemos que mesmo estando em países pobres, cidadãos privilegiados de maior poder aquisitivo teriam tanto acesso à internet, e poderiam ser tão ou melhores informados, quanto os usuários ricos dos países desenvolvidos, enquanto as grandes massas permanecem apartadas desse direito social. No Brasil, o conceito de exclusão está ligado ao desemprego, adicionado a outros aspectos como o impacto da economia mundial na realidade nacional, características discriminatórias a pobres e negros, e ampliação de subempregos.
 
O medo de estar fora do modelo hegemônico é uma constante e no nosso entendimento, na formatação da sociedade atual, tem funcionado como combustível para competição por postos de trabalho. Colocando, diretamente nas mãos dos indivíduos a responsabilidade pela educação, cultura e empregabilidade.

Embora que hoje as discussões da inclusão digital estejam em torno das questões ligadas à empregabilidade dos sujeitos, percebemos que foi fortemente enraizada na problemática do consumo de bens e serviços que surgiram no Brasil os debates pioneiros sobre a temática. Com base nas análises em torno da inclusão digital observamos uma forte vertente que entende a inclusão como passagem de um estado ou de uma situação para outra, ou seja, a inserção do outro em uma condição proposta por um discurso que preza um contexto imposto, hegemônico e homogêneo. Contudo, os pontos contraditórios desta linha de pensamento são a intencionalidade e seus resultados. Pois, embora a intenção de "incluir" preze o objetivo geral de que o maior número de pessoas tenha acesso à educação, às tecnologias, ao saneamento, etc., as propostas de inserção anseiam por resultados que indiquem uma homogeneidade quantitativa. Trata-se de uma inclusão social dual. E a inclusão digital, quando fundamentada nesta perspectiva, suas ações terminam por supervalorizar a proposta de informatização da sociedade, separando-a das relações sociais, como se destacasse parte desse fenômeno social.

O maior sentido do conceito de integração social está na possibilidade de transitoriedade, se opondo e ao mesmo tempo se sobresaindo a perspectiva dual, por ser um estado em que todas as partes envolvidas estão, simultaneamente, incluídas e excluídas de algo. Se a inclusão digital for entendida como parte dinâmica da cibercultura para integração, foge-se ao fetiche do termo, visando se preocupar com questões mais qualitativas, a exemplo da possibilidade de associar a inclusão digital à formação, à autoria, à cognição e ao letramento digital. Nessa perspectiva de integração, não existe de fato um "ser excluído", mas sim indivíduos abandonados pelo sistema. 

As transformações acontecem a todo o momento e proporcionam cada vez mais sujeitos metamorfoseados sociais. Acreditamos relevante considerar que é preciso evitar que as desvinculações das relações do trabalho, da família, da cultura aconteçam. É preciso promover propostas de inclusão digital que tenham por trás o conceito de integração respaldado em aspectos educacionais como a formação, a mediação e os conteúdos.

Como emancipar o sujeito digital? Como sair da categoria ator para autor nesse contexto?
Espero que 2012 promova uma maior integração das iniciativas, programas e políticas já existentes.
Por BCN

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