29/12/2011

Paquitagem Cuiabana: A Rota dos Alternativos (PARTE II)

"Agora eu percebo que nunca estive errado, afinal todos estão percebendo que a tal cena alternativa de Cuiabá não passa de uma mera novela da record "
Por  Wagner Rosati
Em paralelo a Paquitagem Cuiabana, existe também outro perfil. É o tipo de perfil que acha que não vive esta realidade, por frequentarem determinados lugares que julgam como “Cult”, mas no final, acabam se tornando uma tribo, um grupo de alternativos metidos a músicos e intelectuais com habilitação em Paquitagem. Não sei porque, me veio a UFMT na cabeça.

A rota agora é mais “underground”, vamos passar por lugares que tocam Trash Metal, a mais cafona e brega casa de músicas, uma espécie de “Acesso Secundário” da “HELL CITY” outra forma ridícula que acharam para apelidar Cuiabá. Não precisa chamar decorador de fora, investir uma grana em estrutura, nem comprar elementos de decoração na 25. Basta ser calor e não ter nenhum atrativo de qualidade para a casa lotar.

Desde quando Cuiabano teve simpatia com roda de samba?

Hoje, a casa que toca esse estilo de música, é um dos lugares que mais lotam, por parte dos jovens paquitos. É o povo do gueto, “carioca exxperto”, tocando pra playboys (high society da grande Cuiabá) que nunca ouviram Samba Raiz, mas que ali no meio do povo, com alguns passos tortos e uma birita na cabeça, levantam a mãozinha para acompanhar o vocal e cantar o fácil refrão: “... Você abusou, Tirou partido de mim, abusou... Tirou partido de mim, abusou...”.

De repente, as cuiabanas acham que viraram cariocas, sambistas de carnaval, da gema. Lá estão elas, fazendo uns passos estranhos, que simulam uma dança de samba, mas que ainda não atingiu a maturidade para isso.Os rapazes são mais “exxxpertos”, “desxxxcolados”, já colocam uma boinazinha ou uma chapeleira na cabeça, uma camiseta branca listrada e já era, virou o Bezerra da Silva, mas pode ser Diogo Nogueira também. Geral anda com a “cerva” de baixo do braço, tipo, como se fosse um termômetro, só que este não afere a pressão, aumenta... Uma verdadeira festa à fantasia, mas uma festa temática. É de Chorar.

Seguindo o mesmo conceito do bar acima, (nessa altura você já sabe de qual bar estava falando), esse lugar tem um nome que já me repudia. Edgare. Veja bem, vamos separar em duas partes: ED-GARE. Se fosse bar do Edgar, ou simplesmente Edgar, tudo bem, fácil de falar, curto e compacto, um nome de boa, mas não, tem o GARE, tipo, é chato falar o “GÁRE”, é bem coisa de paquitagem o nome do local, além da forma que os Paquitos falam:
“ai, vamos ao edGÁÁRe” ...com ênfase no “ÁRE”.

É o clima “sou rico, mas pago de humilde”, afinal, eles estão numa casa de esquina, com um quintal frontal. Pronto! É só o dono pagar cinquentão pra uma banda pop rock se matar de tocar, venderem umas cervas, e já esta mais que o suficiente para a paquitagem alternativa entrar em ação. E como disse uma paquita frequentadora de edGÁre: “lá é só a NATA da sociedade”. Alguém me explica isso?

Charada: Quando que um Paquito Cuiabano usa óculos escuros? Fácil, quando vai pra Chapada, ou quando vai para alguma destas Feijoadas... de “Inverno”, vale a pena completar. .O que se vê, é um show de paquitagem de óculos, e quando não é original, é Chilli Beans, ou camelozão do Porto mesmo, tipo, 10 conto e já era... A paquitagem não sai tão cara se souber onde comprar.

Ah, mas os Paquitinhos Cuiabanos também vão à praia, pagam de óculos escuros no litoral Paulista ou Catarinense. Sim é verdade, mas não pagam de Paquitos nestes locais, pois ali eles são mais um. Já em Cuiabá, eles são os caras não é mesmo? Afinal, quem é Vip passa por aqui. Então, o que sobra é o edGÁre, pois é um dos poucos lugares em Cuiabá, num sábado à tarde que eles podem pagar de óculos escuros, pois fica estranho usar durante a noite no “Jéts”, apesar de morrerem de vontade. (Sim, eles frequentam o Jéts também).

Lá é uma espécie de “esquenta”, para a galera que gosta de chorar (não, não estou falando dos emos). Eles geralmente costumam sair do edGÁre e vão curtir um “samba raiz na veia” no Chorinho, ou Choros e Serestas para os mais conservadores.Na mesma família do edGÁre, temos o Cabeça de Boy, “ops” de Boi. Universitários lotam as ruas, praticamente tomando conta do local. A Paquitada enchendo a cara em pé, pois o próprio local não tem como entrar (ri litros).

Lembra quando eu comentei sobre não ser preciso investir muito em estrutura, decoração, deixar o lugar bacana? É disto que eu estou falando! (ri alto).

Pensa comigo, se o que a paquitada mais curte é esse ambiente “quintal de casa”, e vai piorando, na medida em que estes se contentam em ficar no meio da rua, eu pergunto que tipo de local possa existir, que pode ser pior do que ficar no meio da rua? E às vezes sentados em engradados de cerveja, pois não tem onde sentar? Se você souber a resposta, monta um bar neste esquema que a paquitagem é garantida. Assim como no edGÁre, o Cabeça de Boy é o esquenta para o “Little Cry” (sim, agora em inglês, porque Cuiabano gosta de pagar de falar inglês, só não perdem o sotaque). Lá os universitários também pagam de estudante de Medicina para tentar levar uma “carioca” no papo.

Vamos continuar nossa rota alternativa, agora é um lugar muito curioso, onde pessoas vão jogar sinuca, mas primeiro vamos nos ater a uma questão, veja abaixo:

O que levam mulheres a jogar sinuca? sair de casa com um grupo de garotas e irem pro Zapata? Simplesmente não combina. É o tipo herança de relacionamento, aprenderam com os ex-namorados, e agora é como se fosse um grito de liberdade, tipo “nós também temos direito”.

E o que leva um paquito a ir com um amigo ao Zapata? Simples, ou eles estão entediados em casa, do tipo nada pra fazer mesmo, ou é fim de festa, tipo, não pegaram “Ning” (outra forma que os “paquititos cuiabanitos”- latim - dizem “ninguém” em Cuiabá). Há também os que saíram num feriado, onde os bares da Paquitagem estão fechados, e só tem o Zapatão para salvá-los do tédio. Vale lembrar que os que foram ao Zapata no perfil “NADA PRA FAZER MESMO”, estão geralmente usando bermudas, tipo, daquelas que passam do joelho, e ficam as canelinhas de fora, com uma camiseta regata, (bem colorida), de preferência da última festa, do tipo Micareta. (Me vêm Mingau na cabeça).

Da mesma forma que as pessoas vão fantasiadas nas baladas de Cuiabá, como Gerônimo, Capri, aonde estes vão de Zorro, Beto Carreiro e outros de Jeca Tatu, há os que vão para essa balada de Batman, afinal, eles vão pro Cavernas. O importante é estar vestido de preto, e mascarados para a realidade.
Alguns paquitos olham para o Cavernas com um olhar medonho, do tipo assustados com o local. Mas calma gente. Atrás daquela roupa escura e cabelos longos tratados a Garnier Fructis, existe um jovem paquito, assim como vocês. Poucos ali sabem o que é rock de verdade. São jovens que começaram a ouvir Slipknot e Evanescence, e acham que isso é “du caralho”. Começou a ouvir Nirvana e acha que é grunge, ouviu Ramones e acha que é Punk.

No final, voltam pro conforto de suas casas, tomam seus leitinhos antes de dormir, e dormem feito um anjo.
Há também o paquito que diz que curte rock pra caralho, aí quando perguntamos quais bandas curte, ele diz: Legião Urbana. Isso já basta para ele se achar o “anarquista” e usar camiseta com o símbolo estampado, aquele do “Asinho” com um corte atravessado.

Existem também os que andam com uma camiseta preta, estampada o rosto do AXL ROSE, ocupando 90 % de toda a camisa. Na maioria, ou é Axl Rose ou Kurt Cobain. O que? Não sabe quem são? Claro que sabe, todo Playboy Paquito que se preze pagam pau pra estes caras, é tipo uma forma do Paquito achar que não é Paquito, às vezes ele não assume, e se encosta na Legião Urbana, Nirvana e Guns, para se auto denominar rockeiro, mas está sempre no Garage, ou paquitando na praça.

Estamos terminando a noite, que tal um bar chamado Lúcios do Caju? Sabe aquelas viagens longas que fazemos de carro, e bate aquela fome, aquela vontade de ir ao banheiro, o destino está longe e resolvemos parar no próximo ponto movimentado? Assim é o Lúcios do Caju. Um bar tipo beira de estrada, que pega a galera da região e vizinhança. Eita povo animado, tão animado quanto as músicas, que é de envergonhar até o cantor brega assumido Falcão. Este eu gosto, pois assume a breguice como um personagem e ganha dinheiro com isto, diferente dos Paquitos.

É engraçado o fim de noite da paquitada cuiabana na madrugada. Ou eles vão parar em casa muito bêbados, ou vão ao Subway encher o saco dos que ali trabalham, com gracinhas e piadinhas. Não pode faltar aquela, que ele pergunta ao amigo do lado, se ele quer de 15 ou de 30 cm, ai ele dá uma olhadinha para quem monta o sanduíche, com o olhar do tipo “eu faço stand up”. Então o atendente (a), espera pacientemente o momento “praça é nossa”, sem esboçar uma palavra.
Abriu o Burger King, BK para os mais íntimos, a galera da Nata Cuiabana toda já conhece, afinal, foram fazer intercâmbio nos E.U.A, e passaram uma temporada em São Paulo....Ou foi naquela viagem para Europa? Ah, não importa...eles se viraram bem com o Zé Dog antes de abrir o BK em Cuiabá.

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